Pavel Gomziakov & Adriano Jordão
Arpeggione de Schubert e obras de Liszt para violoncelo e piano
05 maio 2022 ● 21h30
Conservatório de Música de Coimbra

Sinopse
Os conceituados Adriano Jordão (piano) e Pavel Gomziakov (violoncelo) propõem uma viagem pelas sonoridades centro-europeias do século XIX. Este duo, imperdível e formidável, irá interpretar algumas das mais evocativas e virtuosísticas peças do repertório clássico. Na sonata de Schubert e na música programática de Liszt, Jordão e Gomziakov irão explorar todo o potencial da poderosa combinação entre piano e violoncelo. Com efeito, a sonata “arpeggione” (pois foi originalmente composta para este instrumento histórico), devido à sua beleza aparentemente simples e de tom melancólico, é considerada uma das obras mais líricas de Schubert - sendo uma obra onde a sonoridade do violoncelo se evidencia. Por seu turno, a música programática de Liszt destaca a sonoridade do piano e apresenta-se como “contraponto” e complemento à obra anterior. Este concerto é, também, tão mais especial porquanto o violoncelo tocado por Gomziakov (produzido em 1703, em Roma, por David Tecchler), segundo reza a lenda, terá inspirado Beethoven.
Programa
Franz Schubert - Sonata em Lá Menor "Arpeggione", D. 821
Allegro moderato
Adagio
Allegretto
Franz Liszt
Zweite Elegie
Die Zelle in Nonnenwerth
La Lugrube Gondoa
Romance Oubliée

Pavel Gomziakov
Violoncelo
Nascido em Tchaikovski (cidade da região dos montes Urais, na Rússia), Pavel Gomziakov iniciou os estudos de violoncelo aos nove anos de idade. Em adolescente, chega a Moscovo, onde estuda na Escola Gnessin e, mais tarde, no Conservatório Estatal de Moscovo. Prossegue os estudos em Madrid na Escola Superior de Música Reina Sofía e conclui a formação no Conservatório Superior de Paris.
Em abril de 2010, Pavel Gomziakov estreou-se nos EUA com a Orquestra Sinfónica de Chicago, sob a direcção de Trevor Pinnock, voltando a tocar com a mesma orquestra dois anos mais tarde. Apresenta-se regularmente em toda a Europa, na América do Sul e no Japão. A convite de Valery Gergiev, participou no Festival Noites Brancas, em São Petersburgo. Tocou também nos Festivais da Póvoa do Varzim, de Menton e de Colmar. Com a pianista Maria João Pires, deu recitais por toda a Europa, no Extremo Oriente e na América do Sul — a gravação da Sonata para violoncelo de Chopin (Deutsche Grammophon, 2009) foi nomeada para os Grammy Awards.
O seu disco mais recente, ao lado do pianista Andreï Korobeinikov, é inteiramente dedicado a obras russas e foi lançado em 2018, pela Onyx. Gravou, também, os Concertos para violoncelo de Haydn, com a Orquestra Gulbenkian (2016). Nestas duas gravações, tocou o violoncelo Stradivarius “Chevillard King of Portugal”, de 1725, que pertenceu à Casa Real Portuguesa, generosamente cedido pelo Museu Nacional da Música (Lisboa). Com a Orquestra Filarmónica de Kansai, gravou o Concerto para violoncelo n.º 1 de Saint-Saëns e La Muse et le Poète (Onyx, 2012). Graças à generosa cedência de Ms J. Ng (Hong Kong), Pavel Gomziakov toca, atualmente, um maravilhoso violoncelo de David Tecchler: o “ex-Romberg” (Roma, 1703).

Adriano Jordão
Piano
Adriano Jordão (Angola, 1946) estudou em Portugal com Helena Sá e Costa e outros professores. Com a pianista portuense entroncou numa poderosíssima tradição, que teve um dos mais altos cumes em Edwin Fischer. Em 1967 tornou-se bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian para realizar estudos avançados nos EUA. Após conclusão do Curso Superior no Conservatório Nacional de Lisboa, Jordão continuou os seus estudos em Paris.
Apesar de Adriano Jordão se ter apresentado assiduamente em todas as salas do nosso país, a carreira de um músico é, forçosamente, cosmopolita. Depois da sua estreia na América do Norte, no Tennessee (com a Kingsport Symphony), atuou em São Francisco, Washington, Boston e em Nova Iorque. Nesta última cidade, fê-lo no prestigiado Lincoln Center (com a New Orchestra of Boston, sob a direção de David Epstein) e também no Carnegie Hall, com a Queen’s Symphony Orchestra, sob a direção de John Neschling. As suas apresentações nas mais importantes salas de espetáculos do Brasil, do México, Venezuela ou Paraguai alcançaram grande sucesso junto da crítica e do público. O mesmo se pode dizer das suas atuações em África (Cabo Verde, Senegal, Angola e Moçambique) e na Ásia (Índia, Tailândia, China, Coreia e Japão). Na Europa, para além de Portugal, Adriano Jordão também se apresentou em Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, Áustria, Finlândia, Rússia, Bielorrússia, Ucrânia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Roménia, Grécia e Turquia. Esta internacionalização ajudou-o também a tornar-se arauto da música portuguesa, interpretando, em primeiras audições em muitos países, obras de alguns dos mais afamados compositores nacionais.
Para além da atividade como pianista, Adriano Jordão foi, de 2004 a 2011, Adido Cultural de Portugal em Brasília, e, de 2013 a Abril de 2016, vogal do Conselho de Administração do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Releva-se, ainda, o seu papel na direção de vários festivais musicais, os quais enriqueceu com a sua vasta experiência: fundou e dirigiu artisticamente Festival Internacional de Música de Macau; foi diretor artístico do Festival da Casa de Mateus; fundador e diretor artístico de todas as edições do Festival Internacional de Música dos Açores; e, ainda, diretor artístico do Festival de Música de Sintra, em 2016 e 2017. É, desde 2016, diretor do Festival Internacional de Música de Mafra.